Não há ciência sem experiência, nem Pátria sem tradição. Que se diria do sábio que desprezasse as obras e as experiências dos seus predecessores e limitasse o seu trabalho à própria experiência, ao simples facto presente, à prova momentânea?
Não tem sentido a terra, fora da lembrança daqueles que a serviram e amaram. O passado alarga e ilumina o presente. Através de todas as transformações econômicas e científicas, há paixões, instintos e sentimentos que se conservam fixos e necessários. Somos tributários do Passado, servos de instintos herdados. Tradição não é velharia, hábito irrefletido, que apenas consiste em repetir cegamente o que já teve razão de ser e a não tem mais. Isso é inércia, e a tradição é o contrário dela. Não é também sinônimo de conservação, nem a explica o amor das ruínas extáticas, suspensas do beijo melancólico do luar. Para o verdadeiro tradicionalista, inteligente e ativo, o Passado é fonte de exemplos e de lições. A tradição é para ele o que durou, o que provou secularmente. A vera tradição exige estudo e reflexão. É crítica. Reúne as forças da terra e do sangue, dos reveses do Passado tira ensinamentos, dos êxitos – modelos. Representa-a o que de positivo nos legaram nossos pais antigos. E esse conteúdo positivo, continuadamente acrescentado no rodar do tempo, torna a Tradição coisa viva, que não cessa de se enriquecer, de progredir. Produto de costumes seculares e de necessidades próprias, assente sobre a observação e sobre a história, a Tradição é força ativa que se desenvolve incessantemente. Tradição é continuidade no desenvolvimento, permanência na renovação, como Sardinha gostava de repetir. Direi o mesmo: Tradição é seleção.
Font Ação Integrau
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